por Giovana Torres Pessoa
No último concerto da Orquestra Sinfônica de Santo André (OSSA) o Maestro anunciou a vontade política da construção de uma sala de concertos na cidade. Os atuais governantes, que parece bem favorável ás artes – sobretudo a música erudita – estão incentivando a orquestra, que já era uma das melhores de São Paulo, a crescer ainda mais. Isso tanto em relação à qualidade dos músicos, quanto ao repertório e equipamento de qualidade. Segundo o Maestro Carlos Moreno, da Orquestra Sinfônica, o objetivo é “criar uma nova OSESP”. As mudanças já foram perceptíveis, pois já foram comprados um novo jogo de tímpanos – de melhor qualidade sonora – e rebatedores, que melhoram a qualidade de som para a apreciação da platéia.
Neste concerto foram executadas peças de Wagner, Bethoven e Chuber. Em entrevista ao Culturama o regente Roberto Ondei comenta sobre o concerto “A primeira peça foi a abertura de "Os mestres cantores de Nürembergue’, uma ópera de Richard Wagner – um dos maiores compositores de ópera da história. Depois apresentaram o concerto para piano e orquestra em Lá menor de Robert Shumann, com solo de Eduardo Monteiro. Fechando o concerto, executaram a primeira sinfonia em dó maior de Ludwig van Bethoven, que é uma obra muito importante do repertório sinfônico, obrigatória em todos os sentidos para o estudante de regência, no que diz respeito à harmonia, ao gestual e à análise formal. É uma obra de grande valor pois é a primeira entre as nove que Bethoven compôs, trabalhando todos esses aspectos”.
Ao fim do concerto, ovacionados pela platéia que insistentemente pediam "bis" – como em quase todos os concertos que assisti –, a Orquestra Sinfônica de Santo André apresentou ainda uma das famosas Danças Hungaras, a n°1, do compositor alemão Johannes Brahms. “São danças compostas por Divorguem, um compositor Checo e orquestrada por Brahms. São 21 danças, cada uma com a sua peculiaridade. Peças muito conhecidas e que traziam uma sonoridade própria do leste europeu. Trouxeram um novo universo sonoro, que influenciou grandes compositores nos séculos XVIII e XIX. O próprio Mozart, por exemplo teve grande influencia dessas músicas e tem até uma ópera, o ‘Rapto do Serralho’, que mostra bastante essa influencia explorando essa nova sonoridade”, comenta Ondei.
Sobre idéia de contruir uma Sala de Concertos, o regente do Coro comenta que “essa gestão está querendo investir na música clássica. A ideia de construir uma Sala de Concertos, segundo o secretário, é muito forte, mas é um projeto de longo prazo. Mesmo assim é um grande avanço pois são poucas as prefeituras que tem a intenção de produzir esse tipo de cultura”. Ele ainda diz que com isso o Coro de Santo André também ganha uma ótima perspectiva de expansão e visualiza a possibilidade de criação de uma lei para a existência do coro, uma iniciativa que vai valorizar mais os músicos e a cultura da cidade. “Vai fomentar toda a região. Santo André será uma referência ainda mais forte de uma música de qualidade aqui para toda a região do ABC”, completa.
A OSSA está ganhando grande repercussão e reconhecimento. No concerto anterior o próprio compositor Edino Krieger, que compareceu para explicar a composição "Terra Brasilis", comentou sobre a qualidade inquestionável da orquestra. Não é por acaso que todos os concertos são bem frequentados e quase sempre lotam. Isso mostra que quando produtos culturais de qualidade são oferecidos à população, a preços acessíveis, ela da valor e acompanha a atividade cultural da cidade. Érique, 27, diz “gosto muito da orquestra, apesar de não conhecer profundamente o repertório, ou detalhes sobre o compositor. Eu gosto de vir porque me sinto bem, gosto da música. Além disso é um programa bem acessível. Já vim várias vezes e pretendo continuar vindo, pois a orquestra está crescendo muito e o maestro Moreno está fazendo um trabalho bom”.
Texto publicado no blog www.mackculturama.blogspot.com