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domingo, 25 de abril de 2010

Parque Villas-Boas sofre com descaso

Parque público é negligenciado pelo governo e corre risco de fechar após três meses da inauguração.

Por: Giovana Torres Pessoa e Beatrice Morbin
Para Diretriz, jornal oficial do Mackenzie

Indignação. Este é o sentimento dos moradores da Villa Leopoldina em relação ao abandono do parque Villas-Boas, recém inaugurado. A entrega do parque contou com a presença do então governador José Serra e do prefeito Kassab, no dia 7 de janeiro de 2010. Apos três meses, os equipamentos já estão quebrados e há muito lixo e lama.
Ubaldo Vieira, 44, morador do bairro Vila Leopoldina, na zona oeste, está revoltado. "Apenas dez dias depois da inauguração estive no parque e fiquei impressionado com o abandono do local, lixo ainda da inauguração, garrafas pet, copos descartáveis, panos sujos e embalagens de chocolate e outros alimentos”. Ubaldo tem razão. Nossa reportagem esteve no local e verificou que o mato cresce, impedindo o acesso em vários pontos e cobrindo os poucos bancos. Os bebedouros não estão funcionando e não há água nos 12 banheiros químicos. Os aparelhos de ginástica para idosos e os brinquedos para as crianças não estão presos ao solo e muitos já caíram. “Cadê os R$ 25 mil gastos com a primeira fase da implantação?”, questiona o morador, decepcionado com o descaso das autoridades com uma obra recentemente inaugurada.
Localizado ao lado da Marginal Tietê, o espaço de 260 mil metros quadrados foi pensado e entregue à população para o uso recreativo, esportivo, educativo e de contemplação ambiental. Mas as instalações foram abertas ao público antes da conclusão das obras e do afastamento de Serra para a disputa presidencial. Foi prometida até outubro a conclusão da segunda etapa do parque, que inclui a construção de um jardim sensitivo com plantas aromáticas e comestíveis, uma pista de bike em toda a volta do parque e também uma área dedicada à prática de esportes radicais como escalada, skate, patins e mais 11 quadras poliesportivas.
Até 2004, no espaço onde hoje está o parque, operava uma usina de compostagem (xxxx) que causava muito incomodo à população. Os moradores, cansados de conviver com o forte cheiro de produtos químicos, mobilizaram-se e criaram o Movimento Popular de Vila Leopoldina, associação que lutou durante 12 anos para conseguir o fechamento da usina e mais quatro para conseguir aprovar o projeto de criação de um parque. Ao lado do terreno da antiga usina havia uma sede administrativa da Sabesp e o clube destinado aos funcionários da mesma. Quando a empresa decidiu desfazer-se da área, o governo apropriou-se do local com o objetivo de transformá-lo em patrimônio público junto ao terreno da antiga usina.
Gilberto Natalini, vereador do PSDB e também morador da região, aderiu ao movimento e criou a lei que possibilitou a implantação do parque. No projeto inicial, Natalini propunha em uma primeira etapa que aproveitaria as áreas como alamedas arborizadas, lagos, cantinas, gramado de futebol, quadra de tênis, paredão de tênis, quadra poliesportiva do antigo clube da Sabesp, que seriam apenas reformados pelo governo. Além de uma pista de Cooper, brinquedos infantis e equipamentos de ginástica para a terceira idade.
A Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente divulgou ter investido mais de 2,5 milhões no projeto e a mesma admite que existam falhas da manutenção do parque. Em nota afirma que a Prefeitura ainda não pôde licitar a manutenção, pois ainda não foi concluído o procedimento jurídico com o governo estadual formalizando o convênio que vai permitir que a Prefeitura assuma a administração da área e faça as licitações necessárias para manutenção.
O CADES (centro de apoio e desenvolvimento social) pediu oficialmente à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, que interditassem o local, pois não há condições de segurança minimas necessárias para os usuários do espaço. A secretaria, por sua vez, diz que limpezas de emergências serão negociadas com a Sabesp, antiga proprietária da área, enquanto o processo de licitação não é concluído.

Olho: Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente divulgou ter investido mais de 2,5 milhões no projeto e a mesma admite que existam falhas da manutenção do parque.

Box:
Villas-Boas, que dá nome ao parque, foi um ícone da defesa da fauna e flora no Brasil.

Orlando Villas-Boas – que dá nome ao novo parque da cidade – foi um importante sertanista brasileiro. Durante a 2° guerra mundial, fez parte da Expedição Roncador-Xingu desde o início, chegando a ser um dos chefes - junto a seus irmãos Leonardo e Cláudio Villas-Boas. Criada pelo Governo Federal no início de 1943, a Expedição tinha como principal objetivo desbravar as áreas do interior do país e evitar que o território fosse tomado pelos europeus. Ao longo da missão, Villas-Boas teve muito contato com a cultura indigena. A princípio entendia como um obstáculo este vínculo, mas ao tomar consciência de que não eram selvagens desregrados e violentos como diziam, tornou-se um dos principais indianistas. Foi um dos principais idealizadores e participantes do grupo que pleiteou ao presidente da República a criação do Parque Nacional do Xingu, com o objetivo de preservar a fauna e a flora intocada da região e resguardar as culturas indígenas da área.
“Se achamos que nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem pela Terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios. Mas se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua família e dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos dar.” Vilas-boas.


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