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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Você entende a música erudita contemporânea?

Amanhã, 23 de Abril às 14h30min, a Camerata Aberta realizará um concerto didatico sobre o tema.

O grupo, que estreou no final de Março, tem como foco trabalhar o repertório produzido nos séculos XX e XXI. Idealizado por Silvio Ferraz e Sergio Kafejian, compositores contemporâneas brasileiros reconhecidos internacionalmente, o conjunto é patrocinado pelo governo do Estado por meio da Santa Marcelina Cultura (organização social responsável pela gestão das escolas de música estaduais e de projetos como o Festival de Inverno de Campos do Jordão).

Ainda nesse final de semana, dia 25 ás 16h, será realizado um grande concerto no auditório do Masp, o que promete ser uma experiência bastante interessante, já que os compositores Charles Ives, Claude Debussy, Edgar Varèse, Salvatore Sciarrino, Sergio Kafejian e Silvio Ferraz ainda não são conhecidos pelo grande público, e muito menos compreendidos.

O nome do concerto é Entre Extremos, e segundo o site da Escola de Música do Estado de São Paulo, Guillaume Bourgogne, maestro convidado pelo grupo, "buscou um recorte de linguagens e sonoridades pouco usuais, em que os instrumentos encontram-se em seus limites de audibilidade e de execução, levando ao público a oportunidade de descobrir novas maneiras de se ouvir música". Este concerto, inovador no Brasil, estará abrindo um novo leque de possibilidades para o cenário de música erudita brasileiro.

No concerto didático a Camerata Aberta irá explicar obras e compositores contemporâneos importantes, trabalhando assim a criação de um público para esse estilo de música experimental. Por isso são realizadas diversas atividades pedagógicas e os concertos didáticos acontecem sempre pouco antes dos concertos oficiais.

“O concerto didático é conduzido pelo maestro, que explica ao público como os materiais musicais são elaborados e como o compositor constrói seu discurso. Paralelamente, o grupo executa trechos das obras que exemplificam os tópicos expostos pelo maestro”, explica Sergio Kafejian, coordenador da Camerata Aberta, ao site da emsp.

O repertório executado no dia 25 será:
- The Unanswered Question - de Charles Ives. (Segundo o próprio compositor revela uma "paisagem cósmica").
- Prélude à l’après midi d’un faune - de Claude Debussy (peça que foi considerada o marco inicial da música contemporânea)
- Octandre - de Edgar Varèse (precursor em experimentos com sonoridades ruidosas)
- Archeologia del telefono - de Salvatore Sciarrino (propõem novos caminhos para a apreciação musical)
- Sobre Paranambucae - de Sergio Kafejian ( de compositor nacional, que se inspirou na paisagem sonora de 4 regiões)
- Dona Letícia - de Silvio Ferraz ( O compositor aproxima os dois momentos diferentes, através de elementos da música tradicional e sonoridades mais experimentais).








Para obter mais informações sobre o programa clique aqui.

O jornalista Irineu Franco Perpétuo comentou no site da revista concerto sobre a Camerata.

"E se a ideia era encerrar o mês de abertura com boas promessas, exatamente no último dia de março estreou no palco principal do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, a Camerata Aberta, um especialíssimo conjunto de câmara que reúne a nata de solistas da cidade, e cujo repertório será direcionado à música contemporânea. A criação de um grupo desta natureza, contando com a estabilidade financeira e institucional propiciada pela Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo), é algo sem precedentes na história da música brasileira e que há muito se fazia urgente.
Sob a regência do francês Guillaume Bourgogne (que está a cargo dos primeiros concertos do grupo), a Camerata Aberta teve um programa bastante heterogêneo. De J. S. Bach a Iannis Xenakis, passando por Gérard Grisey, Marisa Rezende e Roberto Vitório, o grupo nasce com a promessa de ser o Domaine Musical dos trópicos (grupo francês fundado na década de 1950 por Pierre Boulez, em cujos programas coabitavam obras antigas e contemporâneas).
Foi espantoso constatar, não apenas a habilidade destes talentosos músicos em desembaraçar as intricadas teias de obras tão complexas, mas acima de tudo a fluída musicalidade obtida pelo conjunto numa apresentação que entusiasmou a lotada plateia do teatro."

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